(A poesia) Quando ela vem, de um de seus abismos, não respeita a lei. Nem sei se poesia é literatura. Não faço na hora que eu quero. Ela nasce do espanto. Não é nenhum milagre. Não posso determinar: hoje vou fazer poesia. É impossível. Qualquer coisa pode espantar o poema. O galo cantando no quintal... O barulho de um osso da perna encostando no outro. Não tem explicação.
(...)
Vocês estão cansados de ouvir poeta dizer: fazer poema é um sofrimento. É mentira. Ninguém te obriga a fazer. O poema pode tratar de coisas doidas. Mas como disse Elliot, eu escrevo para me livrar da emoção. O poema é alquimia: transfigura as coisas, transforma a dor em alegria. A arte existe porque a vida não basta.
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Vocês estão cansados de ouvir poeta dizer: fazer poema é um sofrimento. É mentira. Ninguém te obriga a fazer. O poema pode tratar de coisas doidas. Mas como disse Elliot, eu escrevo para me livrar da emoção. O poema é alquimia: transfigura as coisas, transforma a dor em alegria. A arte existe porque a vida não basta.
Ferreira Gullar, in FLIP 2010
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