Até hoje quando ouço Masquerade, Basia cantando - é pura magia - lembro-me de S.
É bom para quem flanou, planava, entre as pessoas, passar a ter lembranças. Eu não queria vínculos. Não queria nem lembranças.
Deuses não tem lembranças, nem vínculos. Flutuam no etéreo, perenes, interferem quando querem, e seguem adiante.
Foi a isso que eu renunciei. A sensação de ser deus dentro do meu mundo. Descer de Asgard.
Renunciei. E me sujeitei. Talvez tenha pensado que iria escolher ao que me sujeitar, rsrs, mas vi logo - bem cedo -, que era à tudo. Eu ia me sujeitar à vida.
Ia ter massa. Silhueta. Pele. Sentimentos... E lembranças.
Até hoje quando ouço Masquerade, Basia cantando, lembro-me de S.
Lembro de nós dois naquele pequeno apartamento da Silveira Martins. Que era tão grande, cheio de nossas sensações.
Lembro-me de uma vez olhá-la dormindo e parecia que via o ser mais perfeito e angelical que poderia haver... rsrsrs
Talvez porque, naquela ocasião, a amasse tanto.
Uma vez cheguei no seu apartamento cedo e sem avisar e ela ficou louca deu chegar sem avisar... e pegar seus cabelos desarrumados, rsrs. E eu não entendi, rsrs, e demorei um tempo para entender... Não sabia, ainda, de muitos detalhes e particularidades de uma mulher. (Saberei um dia...? kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk)
Eu não ligava para seus cabelos. Eu a amava.
Lembro. Eu lembro.
Lembro do cheiro de amêndoas que ela tinha e que eu sabia que não eram só as amêndoas de qualquer coisa, ou produto que ela usasse, mas sim a combinação de algo, mais o cheiro de sua pele, em que aquele cheiro de amêndoas ficava tão bem.
Como aquele cheiro de amêndoas impregnou... a mim. Ele está comigo.
Eu lembro.
Até hoje quando ouço Masquerade, Basia cantando, lembro-me de S. Nós dois quietos, bebendo da música, embriagados, dois bêbados de música. Nós dois quietos, aninhados, um no outro e naquele pequeno apartamento aconchegante do Catete, cheio de tecidos, almofadas e cheiros.
Deus não se lembra do que eu me lembro.
Eu lembro.
Um comentário:
Menino dos amores,
menino cheio de amor.
Viver os amores e tê-los guardado no arquivo de afetos da lembrança, fortifica o coração e exercita nosso bem viver. Como isso é BOM!
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