sexta-feira, 1 de abril de 2011

Colméias às moscas
Síndrome misteriosa causa sumiço de abelhas na América e na Europa
Maria Guimarães
Edição Impressa 137 - Julho 2007

O preço do mel vai aumentar muito nos próximos anos”, avisa a vendedora Raquel ao oferecer o produto numa feira livre em Campinas, no interior de São Paulo. O assunto em torno de sua barraca era o programa de televisão que dias antes alertava para o desaparecimento em diferentes regiões do mundo das abelhas da espécie Apis mellifera, responsáveis pela produção comercial de mel. Detectado inicialmente na Europa em 2006, o problema já se alastrou pelos Estados Unidos – onde atinge 30 dos 50 estados, o suficiente para ser considerado uma epidemia – e começa a ser observado, embora em menor escala, nas regiões produtoras de mel no Brasil.
“A morte em massa de abelhas não é novidade e acontece periodicamente”, conta Constantino Zara Filho, presidente da Associação Paulista de Apicultores Criadores de Abelhas Melíficas Européias (Apacame). Mas a mortandade observada nos últimos meses nos Estados Unidos e na Europa chama a atenção pelo número de colméias dizimadas: alguns criadores tiveram mais de 80% das colméias completamente esvaziadas por causa da morte súbita das abelhas.
No Brasil, David de Jong, especialista em patologia de abelhas do Departamento de Genética da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto (FMRP-USP), investiga os indícios desse distúrbio do colapso das colônias (CCD, na sigla em inglês) e constata que houve um agravamento nas doenças das abelhas no país, com alguns dos sintomas de CCD. Mas até o momento o impacto foi menor porque, diz ele, “temos uma abelha mais rústica e resistente”.
Algumas características dessa síndrome deixam os especialistas intrigados. Uma delas é que as abelhas simplesmente somem sem deixar sinais – não são encontradas mortas na entrada da colméia como acontece em outras doenças. Outra característica é que num primeiro momento a síndrome elimina somente abelhas especializadas em buscar pólen e néctar. “Inicialmente encontramos a rainha, pouquíssimas abelhas adultas e bastante cria (larvas e pupas), mas, sem as adultas para coletar

originalmente publicada em 29.07.2007

Um comentário:

Unknown disse...

Não há mistério num processo como esse. A síndrome só pode ser uma. É a síndrome do desamor e do desrespeito. Causa: uma praga que assola o planeta denominada homo sapiens, que de sapiens, nada tem.
Se não há respeito e cuidados entre os “sábios” porque haveria de ter com outras formas de vida, que fazem parte desse grãozinho de areia perdido no universo ? Lastimável, o colapso é geral nessa grande colméia em que vivemos... Que bom sermos apenas um grãozinho...

Karin van der Broocke